Introdução à Doutrina Espirita

Introdução à Doutrina Espirita

Centro Espirita Rafael Gomes

 

ESPIRITISMO KARDECISTA :   ANTECEDENTES DA CODIFICAÇÃO

fonte : http://introducaodoutrinaespirita.blogspot.com.br/2008/05/espiritismo-kardecista-antecedentes-da.html

 

 

Todos sabemos que os fenómenos espíritas datam desde os tempos mais antigos da antiguidade e encontram-se disseminados ao longo do tempo e no espaço.
Encontramos fenómenos espíritas tanto nos povos mais selvagens, quanto entre as culturas mais civilizadas e evoluídas, embora estes fenómenos tivessem uma presença mais acentuada em determinadas épocas, assumindo assim um carácter mais definido, como que prenunciando a eclosão de um novo ciclo para a humanidade.
Os fenómenos espíritas que foram acontecendo ou traços de interferência dos espíritos ocorridos desde o inicio da origem do homem, diferem dos antecedentes do espiritismo, dado que uns aconteceram como casos esporádicos, os antecedentes do espiritismo, denotam já se assim lhe podemos chamar “uma invasão espiritual organizada” com determinados objectivos bem definidos, preparando o advento da terceira revelação.
Geralmente a data que se costuma fixar como passo inicial da história do espiritismo, acontece na época das mesas girantes, na França, em simetria com os fenómenos ocorridos a partir de 31 de Março de 1848 em Hidesville, Rochester nos Estados Unidos, através das irmãs Fox.
Encontramos no entanto diversos precursores do Espiritismo, tais como:
Emmanuel Swedenborg
Edward Irving
Fenómenos das comunidades dos Shakers
Adrew Jackson Davis, entre outros.

Um dos pioneiros a anteceder a invasão dos espíritos no mundo físico em que vivemos, foi Emmanuel Swedenborg, médium vidente de grande potencialidade, ele apresentou uma teologia que mais não era do que a verdadeira antevisão dos princípios básicos da doutrina espírita.
Este médium possuía a chamada “vidência à distância” na qual a alma se afasta do corpo momentaneamente e vai buscar informações à distância, regressando com notícias do que ocorreu nesses lugares.
Ele afirmou a pluralidade dos mundos habitados e a inexistência de penas eternas. Para ele, anjos e demónios, eram simplesmente seres humanos que haviam vivido na Terra, respectivamente espíritos evoluídos e espíritos mais atrasados em processo de aprendizagem e evolução.
Edward Irving vive entre 1830 e 1833 uma experiência psíquica ele e os fieis da sua igreja escocesa.
Este pastor protestante, grande estudioso bíblico, desenvolveu num grupo fechado estudos que levam a manifestações internas, acontecendo fenómenos de verdadeira força psíquica actuando no mundo material.
Para além destes incidentes isolados na igreja de Irving, na mesma época surgem fenómenos espíritas nas comunidades dos shackers nos Estados Unidos. Os fenómenos iniciaram-se com os costumeiros sinais de aviso seguidos pela obsessão de quando em quando em toda a comunidade.
Os principais visitantes espirituais eram espíritos de peles vermelhas que vinham em grupo como uma tribo.
Surge então F.W. Evans que juntamente com os seus companheiros se dedica estudar esta perturbação física e mental causada pelos espíritos, chegando à conclusão inesperada de que os espíritos dos índios não tinham vindo ensinar, mas sim aprender.
Estas visitas acontecem durante sete anos, findos os quais os espíritos os deixaram, dizendo que iam, mas que voltariam, e que quando voltassem invadiriam o mundo nas choupanas, quanto nos palácios.
Em 1826, nasce Andrew Jackson Davis, portador de clarividência, que também ouvia vozes que lhe davam bons conselhos.
Ainda não tinha 20 anos quando escreveu um dos livros mais profundos e originais de filosofia produzidos até então, o que prova que não tinha vindo dele mesmo, mas sim que ele mais não era do que um canal, através do qual fluía o conhecimento daquele vasto reservatório espiritual.
As observações de Davis aos que se encontravam na sua presença, pois sua alma podia emancipar-se pela acção magnética.
Davis não se recordava do que via em transe, ficando no entanto tudo registado no seu subconsciente e mais tarde recordava com clareza.
No seu livro “Princípio da Natureza”, prevê o aparecimento do espiritismo como doutrina e prática mediúnica.
Numa casa humilde, alugada em 11 de Dezembro de 1847, vivia a família Fox, família protestante composta pelo casal Fox e suas três filhas menores.
Em 1848 foram surpreendidos por barulhos de arranhadelas, que se identificavam à medida que o tempo passava, as crianças assustavam-se de tal forma que não queriam dormir sozinhas.
Kate uma das crianças do casal, com apenas 11 anos, resolve em 31 de Março de 1848 desafiar o mistério, travando diálogo através de palmas. A cada palma de Kate era dada resposta com uma pancada correspondente. Kate pergunta então se as pancadas eram realizadas por um espírito, e se a resposta fosse afirmativa, deveriam ser dadas duas batidas, a resposta foi afirmativa.
A fim de que a comunicação possa ser mais rápida, decidem utilizar o alfabeto, conseguindo-se vir a descobrir que ali houvera um crime e provando-se a imortalidade da alma.
A publicidade que se formou em torno das irmãs Fox, tem também o mérito de despertar a atenção para o grande número de médiuns que começam então a sair do anonimato e a revelar as suas faculdades, estimulados pelos acontecimentos de Hydesville.
Acontece então assim de forma gradual a anunciada invasão dos espíritos, que se manifestavam em toda a parte pelos mais variados médiuns e nos mais diferentes locais.
Nos fins de 1850 os espíritos sugerem uma nova forma de se comunicarem, em substituição do moroso processo das pancadas. Estes factos apresentados aos olhos de pesquisadores honestos, sugeriam de forma inequívoca a existência do Espírito.
As respostas dos espíritos às questões frívolas dos participantes movidos apenas pela curiosidade do desconhecido, passaram a constituir motivo de grande interesse.
As mesas moviam-se em todos os sentidos, giravam vertiginosamente, ou se elevavam no ar alcançando o teto, produzindo os mais variados movimentos, daí em diante as mesas girantes passaram a constituir a grande atracção dos salões da sociedade parisiense, como se estes fenómenos fossem meros e simples passatempos.
Na realidade observamos aqui uma manifestação do alto, despertando consciências para a imortalidade da alma e para o recebimento do consolador, prometido por Jesus há muitos séculos e consubstanciado no espiritismo, que logo a seguir seria codificado, pois que chegados eram os tempos.
Surge então Hippolyte Léon Denizard Rivail que aos 50 anos era um nome respeitado em França, homem portador de inúmeras qualidades morais e intelectuais.
Grande estudioso dos fenómenos psíquicos, interessa-se de modo especial pelo estudo do magnetismo.
Já ouvira falar das mesas girantes e atribuiu estes fenómenos ao magnetismo impregnado nessas mesas, daí seus movimentos tendo conhecimento da existência de algo inteligente por detrás, admite então a hipótese da actuação do mundo espiritual, resolvendo então investigar a proveniência dos factos.
Assim, ano após ano o professor Rivail trabalha metodicamente na elaboração da codificação da doutrina espírita, adoptando então o nome de Allan Kardec.
Com a expansão da codificação espírita, os fenómenos mediúnicos deixam de despertar a mesma curiosidade de antes, voltando-se então a atenção para a necessidade de elevação moral, ultrapassando assim a fase inicial do fenómeno, abertos os caminhos deixados pelos precursores, iniciando-se então o capítulo moralizante, guiados pelos espíritos que assistem através das possibilidades tecnológicas, surge então através dos estudos sistemáticos desses fenómenos de batidas, das mesas girantes e da transcomunicação toda uma filosofia fundamentada nos princípios cristãos.
É então que Allan Kardec lança o Livro dos Espíritos, pilar fundamental da doutrina espírita, surgindo inicialmente com o nome de “Filosofia Espiritualista”, pelo que se torna emergente questionarmo-nos acerca de qual a relação entre Espiritismo e Espiritualismo e porque se apresenta como uma filosofia.
Ao codificar a Doutrina Espírita, Allan Kardec cria os vocábulos Espiritismo e Espírita, totalmente diferentes de espiritualismo e espiritual, a fim de existir uma maior clareza e precisão de conceitos.
Assim, convém frisarmos que devemos compreender por espiritualismo toda a doutrina filosófica, segundo a qual o espírito constitui a substância de toda a realidade, tendo por base a existência de Deus e da alma.
Espiritualismo, opõe-se ao materialismo, para o qual a única substância existente é a matéria. Neste aspecto o espiritismo identifica-se com espiritualismo, indo no entanto mais além, na medida em que acrescenta vários princípios básicos:

1º A possibilidade de comunicação com o mundo espiritual.
2º A pluralidade das existências;
3º Pré- Existência e imortalidade da alma
4º Justiça natural
5º Progresso infinito do espírito

Assim em síntese, o livro dos Espíritos, representa uma das fases do espiritualismo, contendo como especifidade a doutrina espírita.
Contudo, embora represente uma face do espiritualismo, cumpre-nos esclarecer que o espiritismo difere de toda e qualquer ramificação espiritualista religiosa, uma vez que não possui dogmas, fundamentando-se antes na razão e nos factos, pelo que a doutrina é considerada uma doutrina tríplice, já que se estrutura em Ciência, filosofia e Religião.
A doutrina espírita baseia-se no método experimental, organizando as ideias sistematicamente partindo sempre dos factos, dos fenómenos mediúnicos e das manifestações em geral, assim sendo, podemos considerar a doutrina espírita como sendo uma ciência.
Por outro lado, também podemos considerar a doutrina espírita como sendo uma filosofia, já que a sua temática abrange conhecimentos que estão para além da experiência sensível, tais como: A existência de Deus, os princípios constitutivos do Universo (causas Primárias), as leis morais, utilizando para tanto o método racional como instrumento seguro.
Podemos ainda compreender a doutrina espírita como sendo uma religião, uma vez em que o seu fim último consiste na restauração do evangelho e na prática dos princípios cristãos, não se valendo contudo de formalismos exteriores, de práticas sagradas, rituais ou técnicas colectivas, mas sim a busca da religiosidade na intimidade afectiva de cada um, partindo de uma atitude interior consciente.
Estes três aspectos encontram-se bem definidos na codificação de Allan Kardec, respectivamente em: “O Livro dos Espíritos”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e em “O Livro dos Médiuns”
A doutrina espírita será sempre um campo de investigação humana nos seus aspectos científicos e filosóficos, no entanto no aspecto religioso, repousa a sua grandeza divina ao constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.

Bibliografia:
ALLAN KARDEC- O Livro dos Espíritos – Introdução, itens I e VII
ARTHUR CONAN DOYLE- História do Espiritismo
ZEUS WANTUIL e FRANCISCO THIESEN – Allan Kardec
EMMANUEL- A Caminho da Luz
ALLAN KARDEC- A Génese Cap. I
ALLAN KARDEC- O que é Espiritismo